segunda-feira, 9 de maio de 2011

Parque Ocidental da Cidade


Um pouco de História:

Em 1932, no "Prólogo ao plano de urbanização da Cidade do Porto", o Engº.Ezequiel de Campos defendia a criação de um espaço verde junto à Estrada da Circunvalação. O projecto ganhou forma nos anos 40,com o arquitecto italiano Muzio, e, em 1952 aparece no "Plano Regulador da Cidade do Porto", de Antão de Almeida Garrett. No site da CMP pode ler-se:
”Na primeira fase (de construção), de 1990 a 1993, foram disponibilizados 45 hectares localizados na parte mais oriental da área inicialmente prevista. Com a segunda fase, em 1998, o Parque estendeu-se para poente, até quase à orla marítima. O Parque da Cidade é o maior parque urbano do país, com uma superfície de 83 hectares de áreas verdes naturalizadas que se estendem até ao Oceano Atlântico, conferindo-lhe este facto, uma particularidade rara a nível mundial.
Previsto no Plano de Urbanização do Arquitecto Robert Auzelle nos anos 60, foi projectado pelo arquitecto paisagista Sidónio Pardal, tendo sido inaugurado em 1993 (1ª fase) e finalizado em 2002, com a construção da Frente Marítima.
Na sua concepção paisagística utilizam-se muitas das técnicas tradicionais da construção rural, o que confere ao parque uma expressão intemporal, naturalista e uma estrutura com grande poder de sobrevivência.
A presença da pedra proveniente de demolições de edifícios e de outras estruturas, assume uma característica preponderante deste parque, onde a construção de muros de suporte de terras, estadias, charcos drenantes para a retenção de águas das chuvas, descarregadores de superfície dos lagos, tanques, abrigos, bordaduras de caminhos e pavimentos, criam uma ideia rural e campestre.
Em 2000, foi seleccionado pela Ordem dos Engenheiros com uma das “100 obras mais notáveis construídas do século XX em Portugal. O Núcleo Rural de Aldoar foi inaugurado em 2002, após três anos de obras de restauro e recuperação das suas quatro quintas rurais. Os espaços recuperados sob a autoria dos arquitectos João Rapagão e César Fernandes, perpetuam a memória do Porto Rural e das suas características edificadoras, respeitando a identidade patrimonial e cultural das construções. Aí, podemos encontrar vários equipamentos – um restaurante, um salão de chá com esplanada e um picadeiro para o uso do Clube de Póneis e um Centro de Educação Ambiental, onde são realizadas várias actividades no âmbito da protecção do meio ambiente, dirigidas ao público escolar em geral. Na quinta 66, existem várias lojas de associações sem fins lucrativos que, no âmbito do “Comércio Justo”, promovem e comercializam os seus produtos oriundos principalmente da actividade artesanal e da agricultura biológica. A dinamização deste espaço permite a todos os utentes que quotidianamente frequentem o parque, usufruírem dum pólo de atracção num ambiente rural e natural único na cidade.”

O Plano Auzelle de 1962 previa para o parque a Feira  Internacional e o Palácio dos Congressos. Também já li, há anos, que se chegou a prever, nos anos 50, o pavilhão dos desportos, que depois substituiu o saudoso Palácio de Cristal.



Minha vivência no Parque

Desde 1942 que sempre me atraiu o espaço agora ocupado pelo Parque da Cidade. Eram esplêndidos campos com um frondoso pinhal ao fundo e uma grande quantidade de jovens e finos choupos muito bem alinhados. Estes choupos foram, na sua maioria, abatidos há um ano, pois alguns caíram por doença ou velhice.
Diariamente eu seguia no eléctrico 17, 2 ou 18 para o Passeio Alegre onde ficava o Colégio Brotero, onde andei dos meus 7 aos 15 anos.
Na viagem, mesmo mais que a vista do mar, eu regalava-me com aqueles campos tão bem trabalhados e aspecto muito fértil e a típica aldeia habitada que se via do lado nascente.
Depois de casado, dos anos 70 em diante, ia diariamente, com ou sem minha mulher, andar pelo menos meia hora, no intervalo do almoço.
Fizesse chuva ou sol, lá estávamos. Era a minha forma de descontrair e esquecer os meus trabalhos e arrelias.
Mais tarde, quando se começou a fazer o parque, íamos seguindo as obras com o maior interesse e descobrindo qual o projecto para aquele espaço. Recordo-me que a certa altura vi dezenas de camiões construindo um muro de terra altíssimo que cortava o parque a meio não permitindo a vista do mar desde nascente. Depois, com a continuação das obras, fui entendendo o que se pretendia; a barreira dos ventos marítimos para defesa de espécies vegetais.
Assim que começaram a fazer os lagos, de nascente para poente, e apareceram os primeiros patos fomo-los contando. Recordo-me que de início eram meia dúzia deles, mas tão bem adaptados que rapidamente se foram reproduzindo e frequentemente os íamos contando.
Deixamos de os contar quando um dia chegámos à centena.
Um fenómeno muito interessante, e de que não sabemos a razão, era o facto de as ninhadas iniciais serem de 7 a 13 crias (sempre em número impar!), mas a partir de certa altura, quando o número de patos se tornou considerável, começaram a ser menores e menos frequentes. Poderemos
pensar que a natureza se equilibra conforme a densidade.
Muitas e belíssimas coisas se foram construindo no Parque, mas quero destacar o Núcleo Rural. É na verdade um espaço maravilhoso e que completa o aspecto rústico, muito enriquecido pelas milhares de pedras usadas vindas de demolições, caminhos etc. e que muito me agradam. Quantas vezes as olho e me ponho a pensar qual teria sido a sua história! Seguramente história da nossa cidade; pisadas por tanta gente ou suportando a passagem de rodas e animais. O que teriam elas visto? Poesias…
Um dos grandes prazeres que sinto é ouvir, em especial na Primavera, a variedade de, sons das aves “apaixonadas” que me fazem reviver os tempos de férias escolares na aldeia! E o coaxar das rãs as bordas do rio que atravessava a nossa propriedade.
Mas a minha maior alegria é ver as centenas, e por vezes milhares de pessoas, que desfrutam daquele espaço tão saudável. Que beleza ver tantas crianças das escolas, usualmente com chapéus de cores vivas e diferentes consoante a escola! Chegam aos magotes, a maioria em autocarros de variadíssimas terras de norte a sul, mas a maioria do norte do Douro. 
Encontram-se espanhóis, franceses, ingleses e de outras nacionalidades. Ultimamente visitam-no pessoas dos países de Leste com as suas línguas características.
Tenho a certeza que a saúde física e mental da nossa cidade muito deve a este maravilhoso Parque da Cidade.
Porém, toda a bela tem um senão. Infelizmente foi feito sobre a praia o chamado edifício transparente (?) que prejudica todo este paraíso. Porque o construíram aí? Segredos de estado, certamente.
Considero o Parque da cidade a obra mais importante feita na no Porto no século XX.


FOTOGRAFIAS:

Recebi há dias um email com fotografias maravilhosas do excelente fotógrafo e bloguista Portojo, que é a melhor reportagem que até hoje vi sobre este local. Com a devida vénia foram convertidas para vídeo para as poder mostrar aqui. É também da autoria deste bloguer o site que recomendamos e seguimos http://portojofotos.blogspot.com/.



Rui Cunha

1 comentário:

  1. Tentei na altura colocar a minha autorização para esta adaptação. Foi totalmente impossível, talvez porque o bloguer deveria estar em manutenção.Mas dei-a por email a quem me escreveu a informar.
    Há um amigo meu, que tambem adapta pps meus transformando-os em vídeo, que gostaria de contactar consigo.
    Por isso, lhe peço o seu email.
    Um abraço do
    Jorge Portojo

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