segunda-feira, 30 de maio de 2011

Centenário da morte de Gustav Mahler

Em 13 de Dezembro passado apresentei um post em que tratava da comemoração, em 2010, dos 150 anos do nascimento deste grande compositor e maestro. Nele concentrei a minha atenção na sua biografia.

Em 18 de Maio completou-se um século sobre a sua morte.
Não podia deixar passar esta efeméride sem a referir. Desta vez entendo que devo concentrar-me na sua obra de compositor.

Nesse dia 18/5 saiu no Público um excelente artigo, assinado por Cristina Fernandes, pelo que resolvi retirar alguns excertos, dado que é demasiado longo.

“Gustav Mahler queria abarcar o mundo
"Uma Sinfonia deve ser como o mundo, deve conter tudo." Esta forte convicção de Gustav Mahler (1860-1911) foi levada pelo compositor e maestro austríaco às últimas consequências, de tal forma que é difícil imaginar um legado sinfónico mais abrangente ou desenvolvimentos futuros que acrescentassem etapas a um caminho que tinha chegado ao auge. Quando faleceu a 18 de Maio de 1911, faz hoje um século, no Löw Sanatorium de Viena, vítima de uma infecção estreptocócica, Mahler contava com admiradores incondicionais (incluindo maestros como Bruno Walter e Willem Mengelberg que se tornariam referências na interpretação da sua obra), mas também com detractores. A crítica e o público da época nem sempre compreenderam devidamente uma linguagem que misturava elementos aparentemente antagónicos, que tanto podiam remeter para a esfera do sublime como para a vulgaridade terrena, ou os efeitos pouco convencionais em termos de orquestração, frequentemente objecto de caricatura na imprensa.

Não obstante o sucesso da Sinfonia nº8 na estreia em Munique em 1910, junto de uma audiência que incluía figuras tão ilustres como Richard Strauss, Schoenberg, Max Reinhardt e Thomas Mann, não era ainda completamente claro que Mahler viesse a adquirir um lugar proeminente na História da Música. O próprio compositor usava várias vezes a expressão "o meu tempo ainda está por chegar" e após a sua morte passaram várias décadas até à consagração definitiva na década de 1960 graças ao impulso dado por Leonard Bernstein na reabilitação do legado sinfónico mahleriano após a II Guerra Mundial….
Na entrevista que concedeu ao Ípsilon em Abril de 2009 a propósito de um concerto com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o maestro Michael Zilm definiu Mahler como "um compositor cuja música transmite todos os sentimentos da humanidade." A produção de Mahler tem sido central na carreira deste maestro alemão, convidado habitual das principais orquestras portuguesas e estudioso das partituras originais do compositor austríaco. "Atrai-me o gosto que Mahler tem pelos extremos, a sua mistura entre música popular e música elevada, entre melancolia e felicidade, ternura e a violência. Ele faz a ponte entre o século XIX (Bruckner, Brahms, Wagner) e o século XX (Schoenberg e a 2ª Escola de Viena). É todo um universo."…

A produção de Mahler distribui-se por duas áreas principais que se contaminam mutuamente: a Sinfonia e o Lied, com acompanhamento orquestral. As canções compostas na juventude e os primeiros grandes ciclos escritos antes de 1901 - Lieder eines fahrenden Gesellen e Des Knaben Wunderhorn- têm uma profunda marca do universo literário de origem popular, ainda que filtrado pela tradição erudita na recolha de Arnim e Brentano que deu origem a esta última série. O uso da orquestra como um imenso reservatório de cores, ambientes e sugestões trouxe a estes textos uma poderosa e complexa carga expressiva. O Lied foi para Mahler uma espécie de laboratório sinfónico. Foi o principal fermento das primeiras quatro Sinfonias e não desapareceu totalmente das seguintes. Está presente na Quinta (Ich bin der Welt dos Rückert Lieder é citado no famoso Adagietto) e na Sexta (Revelge). A partir desta época, os alicerces criativos de Mahler tornam-se mais instrumentais do que vocais, mas a voz reaparece em grande pujança na Sinfonia nº8 (1906) e na Canção da Terra (1909), para contralto e tenor solistas, uma obra que realiza a fusão entre os dois géneros…”

Ao meu texto de 13 de Dezembro pretendo acrescentar excertos da segunda sinfonia



Hoje quero mostrar uma outra faceta de Mahler; 3 das suas maravilhosas canções do ciclo Des Knaben Wunderhorn.

1)   Em 1968 Christa Ludvig interpretou URLICHT dirigida por Bernstein 
Um crítico escreveu que trata-se da GRAVAÇÃO DEFINITIVA deste Lied, vamos ouvi-la


Poderá seguir o texto desta canção, em várias línguas, AQUI.

2)    Os célebres cantores Elisabeth Schwarzkopf e Dietrich Fischer-Dieskau interpretaram de forma magistral a canção Wo die schönen Trompeten blasen


Poderá seguir o texto desta canção, em várias línguas, AQUI.

3)    Em Março de 1968 Dietrich Fischer-Dieskau e a orquestra Sinfónica de Londres sob a direcção de George Szell, interpretaram a canção REVELGE.


Poderá seguir o texto desta canção, em várias línguas, AQUI.

Tenham uma boa audição usando preferencialmente uns auscultadores de boa qualidade pois, em Mahler, a orquestração é tão essencial como a voz.

Rui Cunha
 

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