No excelente blog MONUMENTOS DESAPARECIDOS, encontrei uma fotografia que, pessoalmente, muito me diz. Vê-se a Rua dos Clérigos engalanada esperando a passagem do Rei D. Manuel II que acabava de chegar ao Porto em visita oficial. À direita vemos a casa Á Noiva onde em 1893, com 12 anos, o meu avô paterno Francisco da Silva Cunha entrou como moço de recados, ao tempo chamado marçano, e onde foi desempenhando de forma brilhante a sua profissão. Ascendeu a empregado de balcão, pondo gravata como era de tradição, e mais tarde a gerente da loja.
Nesse tempo os empregados viviam na própria casa dos patrões, habitualmente no último andar onde se encontrava a cozinha e os quartos das criadas e dos empregados.
Tendo-se apaixonado pela Menina Luiza, filha do Sr. Alves, o patrão, decidiu sair e lançar a sua própria casa de Retalho em 1903. Deu conhecimento disso ao Sr. Alves, que aceitou e apoiou, pois via no seu gerente um homem sério e trabalhador. Foi assim que, em 1903, fundou no nº. 54 daquela Rua o ESPELHO DA MODA.
Prometeu ao Sr. Alves que, assim que lhe apresentasse dois balanços com lucros suficientes para manter a sua casa, lhe iria pedir a mão da menina Luiza. Em 1905 casou com a minha avó, vindo a ter 3 filhos.
Por alturas desta fotografia o ESPELHO DA MODA tinha 5 anos e não é visível por se encontrar tapado pelo eléctrico.
Uma curiosidade é verificar-se que nesse tempo, à inglesa, ainda se circulava pela esquerda, e só em 1928 o código o obrigou a mudar para o sistema continental de circulação pela direita.
Rui Cunha
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