Olhos nos Olhos
Deixa-me brincar com as tuas mãos Olhos nos olhos ... Como crianças ou jovens namorados Que afagam a areia da praia junto ao mar, Inocentes, serenos, deslumbrados.
Deixa-me brincar com as tuas mãos
Olhos nos olhos.
Alheados do tempo que passa e do enlouquecido frémito do mundo
Inventaremos juntos gestos lassos
Que terão o sabor terno e doce dos abraços.
Deixa-me brincar com as tuas mãos
Olhos nos olhos.
Como um duende e uma fada,
Que inebriados na branda luz da madrugada,
Sem palavras, nem ânsias, nem a inquietude da paixão,
Se amam para além de todo o pensamento e de toda a razão.
Deixa-me brincar com as tuas mãos Olhos nos olhos
Porque este olhar, longo e fundo, que atinge o âmago do ser Faz-nos rever nossa vida por inteiro
E descobrir um amor que, brotando como água de caudalosa nascente, E já um tanto diferente do primeiro. Mais vasto, mais caloroso, mais denso, mais envolvente. Ainda, como outrora, vivo, esperançoso, arrebatado, profundo, infindável, Mas agora mais enternecido, gratuito, despojado; Mais consolador, mais cheio de gratidão, de intimidade, de desvelo e,
[finalmente, de perdão.
Maria Manuela Sottomayor
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