Neste mês de Março a emissora de televisão ARTE apresentou um maravilhoso programa, “l’art des castrats”, com música composta por compositores dos séculos XVII e XVIII e destinados a serem cantados por “castrati”, isto é, cantores que tinham uma boa voz e que antes da puberdade eram sujeitos ao corte dos canais provenientes dos testículos, de forma a que aquela se desenvolvesse de forma semelhante à de uma mulher adulta. A razão deste procedimento provinha da proibição das mulheres puderem subir aos palcos.
Há conhecimento de extraordinários cantores que tiveram grande sucesso e que enriqueceram fabulosamente com as suas actuações, porque o papel do herói era muitas vezes escrito para castrati, como por exemplo nas óperas de Handel.
No programa da ARTE foi intérprete a cantora italiana Cecilia Bartoli acompanhada por Il Giardino Armónico, dirigido por Giovanni Antonini.
Dada a extraordinária qualidade e espantosa técnica desta cantora, pareceu-me de muito interesse reunir algumas das árias apresentadas:
Como ilustração deste tema, acrescento uma maravilhosa cena do filme Farinelli (1705-1782) il castrato, de Gerard Corbiau, cantado pelo espantoso contra-tenor Stefano Dionisi. Vale a pena ver e ouvir bem alto:
Não podia terminar sem apresentar uma elucidativa entrevista da própria Cecilia Bartoli sobre os “castrati”:
Rui Cunha
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