segunda-feira, 11 de abril de 2011

Porque hoje é sábado, um poema de Manuel Paulo




Porque hoje é Sábado
parei a lembrar o que hoje pensei.

Estou lixado
porque agora sou lixo.

Deixei o passado onde está
e pulei ao futuro
porque agora sou lixo.

Parei de pensar o que sou,
quando volto ou se vou
porque agora sou lixo.

Deixei a revolta entalada
na porta da entrada
porque agora sou lixo.

Parei de contar as estrelas,
de sonhar acordado
porque agora sou lixo.

Deixei de contar as moedas,
de pô-las de lado
porque agora sou lixo.

Parei de dar murros na mesa
que o que resta é tristeza
porque agora sou lixo.

E quando o carro passar
para me levar
eu vou deixar.
Que do adubo que eu for
eu verei nascer uma flor.

E jamais serei lixo


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