sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os Cafés do Porto




Sobre os cafés do Porto encontramos um excelente texto da autoria de Maria Teresa Castro Costa que pode ser lido AQUI.

Os portuenses, eu ainda sou desse tempo, gostavam muito de frequentar os cafés, pois era lá que se discutia de tudo, desde a política ao “football” e das pequenas histórias de bairro aos acontecimentos mundiais.
Por vezes havia tertúlias por profissão (médicos, arquitectos, comerciantes) por ideias políticas ( estas normalmente as mais acaloradas) e outras.
Enfim um hábito que se perdeu em grande parte porque os tempos mudam, mas que a televisão ajudou a desfazer.

Para aguçar a vontade de ler o texto completo transcrevo alguns parágrafos.


"As primeiras "casas de (tomar) café" apareceram em Meca, Arábia, no princípio do século IX da era Maometana (que começa em 622 da era Cristã).
Rapidamente se espalharam pela Turquia, pelo Egipto e, mais tarde, pela Europa. Em Veneza surgiram em 1640. Em Marselha, no ano de 1654. E, pouco depois, em Paris. Alguns cafés de Paris com music-hall, concertos e
Em Portugal os primeiros botequins (designação primordial dos cafés) surgem em Lisboa em 1777.
No Porto, remontam ao início do século XIX. Almeida Garrett escreveu:
"O viajante experimentado e fino chega a qualquer lugar, entre no café, observa-o, examina-o, estuda-o, e tem conhecido o País em que está. O seu Governo, as suas Leis, os seus Costumes, a sua Religião. Levem-me de olhos tapados onde quiserem. Não me desvendem senão no Café, e prometo-lhes que em menos de dez minutos lhes digo a terra em que estou, se for país sublunar."

De facto, a história dos Cafés do Porto é um espelho da vida económica, social, cultural e artística da cidade, durante os séculos XIX e XX.
A arquitectura e a decoração dos cafés atestam a vida económica da cidade e são um reflexo das correntes artísticas das diversas épocas. As obras de arte neles incorporadas (escultura, painéis, vitrais, murais) têm a assinatura de artistas conceituados da cidade.
A volta da bebida "negra como o inferno, doce como o pecado, quente como o amor", como dizia Vicky Baum, sempre se juntaram políticos, artistas, escritores. As Tertúlias dos Cafés foram decisivas, antes dos poderosos meios de comunicação actuais, na formação de correntes políticas, artísticas e literárias.




1. Os Botequins do Séc. XIX
Os primeiros botequins de que há notícia no Porto, datam de 1820. São eles: •     O BOTEQUIM  DO Sr.  FRUTUOSO - no Largo da  Porta de Carros, encostado à muralha Fernandina, frente à Igreja dos Congregados.
O BOTEQUIM DAS HORTAS - na Rua das Hortas (hoje Rua do Almada) esquina com a Rua da Fábrica. Este botequim existiu 60 anos - até 1880.
Era frequentado sobretudo por comerciantes da Rua das Flores e Rua dos Clérigos. Era conhecido por servir um óptimo café.
Ramalho Ortigão escreve a seu respeito:
"O velho Botequim das Hortas, em que à noite se jogava o Loto, a vintém o cartão, e que, ao abrir-se uma das suas portas envidraçadas, guarnecidas da cortininha de cassa branca, enchia de um picante perfume de calda de capilé e de café torrado a rua toda"

Outros botequins existiram ainda na Ia metade do séc. XIX. Os mais famosos foram:
•      O BOTEQUIM DA NEVE - Na Rua de St° António
•      O GUICHARD - Na Praça Nova
•      O  BOTEQUIM  DA PORTA DO OLIVAL - No  Largo do Olival  (Hoje Cordoaria)
•      O BOTEQUIM DO PEPINO - No Muro dos Bacalhoeiros (Ribeira)
•      O BOTEQUIM DO AMARO - No Muro da Ribeira
•      O BOTEQUIM DA NEVE, assim denominado por servir sorvetes (que só então se tornaram um hábito dos portuenses) era preferido pelos libertinos da época.



O blogue Cafés Emblemáticos do Porto, também tem muita informação com fotos muito bem conseguidas e pode ser encontrado AQUI.

Rui Cunha

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