Galeria do Palácio no porto, 4 de Dezembro de 2010 – 23 de Janeiro 2011
Do Texto Introdutório da autoria de Paula Pinto destacamos algumas passagens:
“A complexidade dos seus patamares de vida está associada a uma série de personalidades que elege como modelos da sua própria história. E a sua biografia corresponde a uma soma de acontecimentos onde celebra a troca entre experiências e o que fazemos delas. É nessa permanente busca que o autor se revê. Assim se justifica que, após a perda da actividade científica de laboratório, durante os anos 80, o já reconhecido médico Levi Guerra comece a explorar uma nova arte.”
“Sintomas e Projecções”, “ apresenta-se como uma reflexão sobre os momentos da vida de um médico que se projecta a ler sintomas. Como médico, Levi Guerra celebra a exaltação do encontro com a verdade, mas como cientista e investigador, encontra-se nos momentos de interpretação que ajudam a rever quem somos. É nos momentos em que somos chamados a tomar decisões que nos identificamos. São esses momentos de cariz pessoal mas simultaneamente de conduta ética, que apenas vivemos plenamente através da partilha com um grupo social definido, que se projectam nesta exposição.”
“Os muitos auto-retratos de Levi Guerra revelam essa mesma dupla perspectiva do retrato de autor. Eles representam as diversas capacidades e funções por si desempenhadas. A sua repetição simboliza a polivalência da biografia e expressa a coerência da diversidade das técnicas do seu projecto pictórico. Levi Guerra considera-se “um médico que pinta há mais de 30 anos”, mas essa imagem parece não conseguir estabilizar-se. Ele retrata-se nas suas múltiplas funções, insígnias e títulos honoríficos, ilustra a sua carreira, mas pinta igualmente os seus estados de espírito e as diferentes perspectivas com que vai encarando a vida. Se fosse pintor, diz Levi Guerra, “viveria dos resultados da pintura”; como médico, saboreia a experiência e o encontro com as interpretações que faz.”
“Contrariando a ideia de oposição entre o saber científico do investigador e a expressão visual do artista, a exposição acaba com uma projecção onde se misturaram os slides de aulas de Nefrologia do Prof. Levi Guerra com referências a obras maiores da História da Arte. Convidado a ir a Braga dar uma aula de Anatomia, Levi Guerra acaba por mostrar aos estudantes de Medicina as figuras humanas de Leonardo Da Vinci, Cézanne, Giotto, Luca Signorelli, Piero della Francesca, Annibale Carracci.... Miguel Ângelo. E escreve, “disse-lhes que preparei a palestra a pensar no que gostaria de ter ouvido quando aluno de Anatomia, no meu tempo, como eles agora. E isso justificou o facto da saliência que dei às expressões corpóreas humanas.”[1] Tal como acontece na tela branca, também na vida, o que se projecta não é exactamente o que se cria. “
[1] Levi Guerra, “Inter moras: Expressões corpóreas nas artes plástivas”, in O Primeiro de Janeiro, 7 de Dezembro de 2003.
Nós vamos lá estar e contamos com a sua presença.
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