Do outro lado do mundo
Sobre o tombadilho da
embarcação que é o teu corpo
rasgavas a raiz ao tempo,
seguias as correntes
da ilusão e das miragens.
Eras senhor do teu tempo
das convicções que não
tinhas e das tuas irresponsabilidades.
Desenhaste a traço grosso
as tuas esperanças e
descreveste com palavras
vagas e imprecisas
o caminho que ias seguir,
contigo ao leme.
Rumaste em direcção à
Cruzeiro do Sul,
ao lugar das mágicas
auroras austrais,
lá onde pensavas que os
sonhos se concretizavam
na volúpia do dia a dia,
de um amanhã sem futuro
pensado.
E por lá ficaste, preso
aos fios do tempo,
loiro ou moreno,
precocemente.
Será que as manhãs mais
perfeitas estão sempre
do outro lado do mundo?
Não. Seguramente não.
Ficaram-me a doer apenas a
ausência das tuas inúmeras histórias,
e reconheço, aos poucos,
que essas coisas não se podem perder.
Carlos Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário